Kimitachi wa Dou Ikiruka?: Pelo filtro do Miyazaki Hayao
Olá, como estão? A obra de hoje se chama: “Kimitachi wa Dou Ikiruka”. Ah mas você já falou dela e nem faz um mês (Anterior). Então no caso, hoje falarei do filme. Sim, o filme que a Ghibli fez com a direção do Miyazaki Hayao. Aquele filme que ficou levemente hypado por não ter absolutamente nenhuma propaganda, trailer ou até mesmo a sinopse. Somente a data de lançamento, duração e o pôster.
Lançaram o filme: Kimitachi wa Dou Ikiruka no dia 14 de julho de 2023, e olha, foram 120 minutos brutalmente intensos e fortes. Digamos que os últimos filmes do Miyazaki, como Kaze Tachinu (Vidas ao Vento), Gake no ue no Ponyo e Hauru no Ugoku Shiro (O Castelo Animado) foram café com leite. Em comparação, o Kimitachi wa Dou Ikiruka é o puro café. O café preto é extremamente forte. Toda a amargura do Miyazaki aparece no filme.
Bem, antes de iniciar a sinopse, deixarei bem claro que tudo que qualquer coisa mencionado nesse artigo conterá spoiler, por toda informação ser ocultado. Só continue lendo quem não se importa com spoiler.
Sinopse
Em 1944, enquanto a segunda guerra, o Maki Mahito perde a mãe em um incêndio causado pelo bombardeio em Tokyo. Logo após isso ele e o Pai saem de Tokyo para se refugiar na terra natal da mãe. Lá o Mahito conhece a madrasta grávida, a Natsuko, que também é a irmã mais nova da mãe dele. O Mahito estava com uma dificuldade grande em conviver com a madrasta.
Nesse meio tempo, a Natsuko desaparece e o Mahito tinha avistado ela seguir na direção da floresta da torre misteriosa. Assim o Mahito e uma das sete velinhas; Kiriko, sai para procurar ela, tendo o Aosagui como o guia.
Kimitachi wa Dou Ikiruka?: Pelo filtro do Miyazaki Hayao
A intensidade
Primeiramente, essa obra é brutalmente intensa. Várias questões com respostas complexas foram colocadas em uma obra que era dito para criança. Tudo bem, sabemos que várias questões dessas batem muito mais forte para o público adulto, mas isso é detalhe. Nós também sabemos que os filmes do Miyazaki Hayao só é colorido nas telas, pois a obra e o diretor mesmo, são poços de lágrimas.
Mas quais questões foram levantadas? Alguns exemplos que poderiam fazer um link com a obra inspiradora:
- A dignidade humana;
- O limite da honestidade;
- Convivência com os próximos;
- Como lidar com a malícia;
e assim por diante.
A relação com o livro
Como já foi dito anteriormente, o livro e o filme possuem vínculos. Vínculos na qual a essência é compartilhada. Entretanto, as formas como abordam são bem distintas.
No livro, o Kopel é o protagonista que, com a ajuda do seu tio, compreende pouco a pouco o mundo, vivenciando e remoendo, errando e acertando.
No filme, o Mahito lê o livro lançado em 1937 que foi deixado pela mãe, e por assimilar a vivência do Kopel repensa as suas atitudes. Tanto que nesse momento ele começa a chorar. Talvez o Mahito não acerte em todas as suas decisões. Entretanto, sabemos que ao menos antes dele agir de forma instintiva, pare um pouco.
Digamos que em contraste com o livro, que termina com a observação esperançosa de que “o mundo vai melhorar”, me pareceu que o Miyazaki Hayao estava explicitando a necessidade de nós nos confrontar com a “malícia” que se espalha no mundo e dentro de nós mesmos, sem regozijar.
Como o público reagiu?
Bem como eu, muitas pessoas imaginaram como seria essa releitura. Graças a divindade alheia, não mordi a minha língua. O Miyazaki Hayao não jogou a essência no ralo. Mas olhando as redes sociais, deixou um número significativo de consumidores desapontados.
Isso porque, encontrei inúmeros comentários negativos, como a obra era estranha, que era pesada demais para ser infantil, que não era oque esperava e assim por diante. Muitas delas podemos chamar de reclamação e não crítica, pois não era construtiva.
Ou seja, criaram expectativas com base nas obras anteriores do Miyazaki, ou na obra original do Kimitachi wa Dou Ikiruka (que também é criticada por uma gama de pessoas), e o Miyazaki Hayao não entregou o imaginário.
Resumindo o Kimi-tachi wa Do Ikiruka?:
Bem, essa foi a breve visão sobre o Kimitachi wa Dou Ikiruka, uma obra inicialmente infantojuvenil com quase um século de publicação e com releitura feita pelo Miyazaki Hayao. Resumindo a obra, há um tio-avô idoso que é obcecado pela criação, e uma criança que consegue ver o mundo imaginário, mas tenta sair da bolha para o mundo exterior e crescer. O interessante foi o fato que ambos se conciliaram. Não entraram em conflito um com o outro, mas sim em um relacionamento que concilia a pergunta: ‘Como você viveria?
Provavelmente, não faz muito sentido para quem não assistiu, mas talvez o velho tio-avô seria o Miyazaki em si, a criança da nova geração e os produtos do imaginário nos dão dicas para viver na realidade.
O produto do imaginário do Miyazaki Hayao, me fez sentir essa mensagem. O produto do imaginário dele parece ter sido uma declaração de determinação em acreditar no poder da criação.
Bem, agora como faço para assistir? Felizmente estou no Japão e consegui assistir. No Brasil, não sei se lançará tão cedo. Talvez seja mais fácil cair do caminhão.