Ao no Hako: O (anti)tradicionalismo
Olá, como estão? A obra de hoje também é uma comédia romântica. Das mais tradicionais da Weekly Shonen Jump. Mas brutalmente pura, sem harém e sem fantasias. Ela chama Ao no Hako. Em inglês traduziram como Blue Box. Remetendo ao ginásio de esportes como caixa e azul por ser juvenil.
Agora como a autora Miura Kouji conseguiu fazer algo sem ecchi, sem harém e sem fantasia na Jump? Bem, vamos ver então.
Sinopse
O Inomata Daiki do clube de badminton, era apaixonadinho pela Kano Chinatsu. Uma veterana do clube de basquete. Ele sempre quis a oportunidade do “me note senpai”, mas só o tempo passava e eles nunca se aproximavam.
Entretanto, em um dia frio, após o treino matinal, ele percebeu que a Chinatsu estava no meio do frio esperando a porta abrir, e claro, ele nada bobo, usou esse gancho para ser notado. Essa obra retrata não apenas o amor platônico de jovens, mas também a maneira sincera com que cada personagem lida com os esportes.
Ao no Hako: O (anti)tradicionalismo
Normalmente, a comédia romântica de shonen, não somente da jump, se estrutura em 3 pilares: fantasia, harém e ecchi. Com base nisso, vamos ver como Ao no Hako é platônico e tradicional.
Sem universo fantasioso
Primeiramente, Ao no Hako tem muito pouca premissa fantasiosa. Afinal de contas, a comédia romântica de shonen, mesmo o enredo acontecendo em colégio, tem tantas premissas de fantasia, ficção sientífica e afins, ao ponto de mantermos uma certa distância emocional com os personagens. De certa forma, conseguimos nos facilmente desconectar da própria juventude como uma coisa de outro universo.
Entretanto, no Ao no Hako não tem Extraterrestre, nem anjo, nem demônios e nem yokais, como o Urusei Yatsura (Br: Turma do Barulho), To Love-Ru, Bakemonogatari ou Kanan-sama wa Akumade Choroi, e assim por diante. A obra carrega um realismo que algum casal lendo o Ao no Hako podem estar falando um para o outro: “Isso parece conosco”.
Sem harém
Outro pilar das comédias românticas de shonen é o harém. Isso não tem discussão de tão nítido que é. Obviamente usa isso de forma favorável para a história prosseguir e os leitores darem o seu voto para com quem o protagonista vai se juntar. Quase uma jogatina e as brigas de shipping normalmente são bem trágicas. Como no clássico Ichigo 100%, Go-tubun no Hanayome, Megami no Cafe Terrace, Bokutachi wa Benkyou ga Dekinai (Tudo bem, esse teve multi end, mas é raridade. Imagina se essa moda pega).
Agora, dê uma olhada na capa do primeiro capítulo e dê a sua opinião. Isso vai se juntar ou não?
Assim, uma garota chamada Chono Hina, colega de classe do protagonista, também surge como heroína, mas não sei por quê, ela tem um ar de quem já está fora da corrida.
(Quase) sem ecchi
Convenhamos, boa parte das comédias românticas dos shonen possui representações eróticas agressivamente exageradas. Vamos lá, começando pelos clássicos do Jump: Is, Ichigo 100%, Pretty Face, To LOVE-Ru, Yuragisou no Yuna-san e assim por diante. Se listar as obras do Weekly Shonen Magazine e Weekly Shonen Sunday, dá mais um artigo só de lista. Olha que nelas tem obras mais agressivas ainda.
Até parece papel das revistas shonen distorcer as tendência, o gosto sexual dos leitores que mal familiarizaram com isso ainda.
Assim, pelo menos nos primeiros momentos de Ao no Hako, não há representação erótica notória. Isso é bastante raro na Weekly Shonen Jump.
Resumindo o
Bem, essa foi a breve visão sobre o Ao no Hako. Uma obra com elementos fantasiosos quase nulos, sem formação de harém e as representações eróticas são bem humildes. Algo me diz que essa obra é um tanto quanto deslumbrante demais para aqueles que esperam uma comédia romântica ecchi, e o brilho juvenil avassalariam muitos leitores, deixando chorosos de ódio por não ter passado o que eles estão passando.
Mudando de pau para cavalo, e já sabendo que o que direi agora é um preconceito meu, mas, tenho a imagem das comédias românticas da Jump serem a personificação de uma fantasia duvidosa de autores com imaginação bastante fertil para leitores com imaginação tão fertil tanto quanto, e assim acredito que Ao no Hako quebrou esse estigma de uma forma esplêndida.
Então: “Divirta-se!”
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