Diário do Diretor do Banco Central de Luanda

Diário do Diretor do Banco Central de Luanda

Olá, como estão? Tudo bem com vocês? Hoje, apresentarei um livro, estilo diário. Ah mas você sempre apresenta mangá. Porque vai apresentar livro? Simples. Pois o que está nele é real, mas, ele parece mais um Isekai, de tão absurdo. Essa história começa em 1965, e agora vamos para o mundo do “Diário do Diretor do Banco Central de Luanda”.

A primeira edição do livro foi publicada pela Chuko-Shinsho há quase 50 anos, em 1972. Mas, fui conhecer em 2019, quando o livro foi ainda mais disseminado pelo Twitter. Assustadoramente, ela vendeu quase 140.000 exemplares. Vamos ver porque tornou-se tão popular, e para isso começaremos com a apresentação no obi.

Sinopse

“A história de um bancário do Banco central japonês de 46 anos, que do nada foi nomeado como diretor do Banco Central do pequeno país africano: Luanda, e lutou para reconstruir a economia do país e melhorar as condições de vida de seu povo.”

Assim, para esclarecer um pouco mais, o autor: Hattori Masaya, é o próprio “bancário japonês de 46 anos” referido no obi. Este livro é um registro que inicia em 1965 e relata os seis anos que ele atuou como diretor do Banco Central de Luanda, a pedido do Fundo Monetário Internacional. Ele fez o que era do alcance dele para reformar a economia, utilizando as desvantagens das condições e aturando as surpresas diárias.

Do Japão a Luanda

Em primeiro lugar, embora Luanda tenha obtido a sua independência da Bélgica em 1962, teve vários problemas internos entre Tutsis e Hutus, e passava por severos problemas orçamentários. Quando Hattori Masaya assumiu seu cargo de diretor do banco central, o país era um dos mais pobres do mundo.

Ele relata: “A primeira coisa que vi ao chegar na capital, Kigali, foi a falta de estrutura. Não havia nenhum prédio no aeroporto, apenas duas cabanas metálicas que parecem cabines telefônicas ao lado da pista. Eram respectivamente, os escritórios da imigração e estação quarentenária, com um único funcionário sentado atrás de uma pequena mesa”. Se a porta de entrada para o país, o aeroporto, está em tal estado, o restante do país se encontra em situação semelhante ou pior.

Fiquei surpreso que o banqueiro japonês não se desanimou mesmo com essas situações. Em uma época em que não havia e-mails, a única forma de se comunicar com o exterior era o telegrama. Entretanto, o Hattori Masaya era uma pessoa que sabia lidar com a realidade e não se importou muito. Em várias partes do Diário do Diretor do Banco Central de Luanda, ele relata: “Se as pessoas vivem neste lugar, eu também posso viver”, ou “Aqui me lembra Rabaul (Papua Nova Guiné), onde eu estava durante a guerra”. Para melhorar ele argumenta; “‘Não pode ficar pior, certo?”, “Em resumo, faça o que lhe vier à mente, tente”. Independente se isso é eticamente aceito ou não, ele realizou a reforma econômica.

Isekai

Nos SNSs da vida, vários comentaram dizendo: “lembra Isekai” ou “Pq não criou light novel com base nela?”. De qualquer forma, quando procurei e li, vi que o conteúdo dela era quase um Isekai tradicional. Por tantos “cheat”. Isso me fez lembrar “Tensei Shitara Slime Datta Ken”, “Drifters”, “Senkyou-Ibun” e assim por diante.

Por enquanto só falei as partes “limpas e bonitas” deste livro. Já ouvi falar de um fenômeno que acontece bastante no campo da ciência política, aquelas que você fica levemente enjoada, quando conhece as outras faces da pessoa que você aprendeu a admirar. Gostaria de comentar algumas partes do Hattori para equilibrar. Mas, por favor, tenha cuidado ao ler esta parte, pois ela contém leves spoilers.

Nem tudo são flores

Bem, logo depois que ele assumiu o cargo de diretor, Hattori estava convencido do potencial do povo luandês. Observou as situações por si mesmo e escutou a voz do povo. Portanto, todas as políticas econômicas que ele promoveu baseou-se em sua crença na racionalidade do povo de Luanda, e embora tenha havido algumas reviravoltas, ele alcançou os resultados. Se você imaginou um homem humilde e cheio de compaixão, você está tirando conclusões precipitadas. Está lendo o livro errado. Ele é o oposto disso, ele não é alguém imaculado, usava bem da confiança e punia quando necessário, apagava o fogo com mais fogo. 

Seja lá qual for o caso, sua determinação, seu poder de ação e, sobretudo, seu senso de missão para reconstruir um país em grande escala, certamente atraiu muitas pessoas. Desviei um pouco do assunto, mas o que percebe do Diário do Diretor do Banco Central de Luanda é que se você der às pessoas o ambiente adequado, elas farão o que devem.

Exemplos (que não deve-se) seguir

Agora vamos para mais fatos. Pelo Diário do Diretor do Banco Central de Luanda, o Hattori Masaya convocou os estrangeiros para treinar rigorosamente os bancários luandeses. Ele fez isto como parte de seus trabalhos para reconstruir o Banco Central de Luanda, que estava em péssimo estado quando assumiu seu cargo. Mas isso não foi o mais importante. Quanto às reformas dos funcionários, Hattori retém detalhes. Escrevendo apenas: “o poder de demissão e disciplina tem sido concentrado em minhas mãos”. Pasmem, Hattori Masaya demitiu 2/3 das pessoas que não conseguiram acompanhar o treinamento. Um deles era um parente do ministro. Muita desconfiança, e acontecia uma política de medo. 

O fato dele não ter sido cassado do seu cargo, me surpreendeu. Mas há uma história por trás disso também. Por alguma razão não muito clara, o exército luandês e a polícia secreta apoiavam ele, desde o início do seu mandato. Após um ano no cargo, ele usava a polícia secreta quando necessário. Fico me perguntando o que Hattori Masaya fez. Pós mandato.

Após o fim do mandato de Hattori, Luanda continuou a se desenvolver e teve reconhecimento internacional como uma referência na África. Porém, nos anos 90, os conflitos internos de Luanda levou ao genocídio, como retratado até no filme: Hotel Rwanda. Esta intensificação, resultou em um grande número de refugiados e em um período de grande dificuldades. (Na edição de 2009 do livro, acrescentaram uma seção intitulada: “A história da revolta luandesa está sendo contada decentemente?”) 

Digamos que, talvez, a era dourada que Luanda viveu antes dos conflitos armados não seja muito conhecida. A história desse um japonês estranho também. Mas de qualquer forma, é uma literatura com bastante diversão em um livro só.

P.S. Relações

Diga-se de passagem, no “Diário do Governador do Banco Central de Luanda”, é relatado o que Hattori Masaya fazia enquanto trabalhava na Escola de Comunicação da Marinha. No caso, quem tomava bronca era o Agawa Hiroyuki. Ele é um famoso escritor japonês, que mais tarde disse: “sofri muito durante seu tempo na Marinha”, e a razão foi este Sr. Hattori Masaya. Você pode ler mais sobre a vida de Hattori do ponto de vista de Agawa Hiroyuki no livro “História na Marinha”, juntamente com “Diário do Governador do Banco Central de Luanda”.

Como sempre amarrei com muita força, mas conseguiram divertir?

Bem, então, até a próxima!!

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Yago